domingo, 29 de abril de 2012

Ernesto Nazareth: discografia completa na Internet

Nazareth no piano Sanzin que foi presenteado ao
compositor por admiradores paulistas.
Definido por ninguém menos que Mário de Andrade como “dotado de uma extraordinária originalidade, porque transita com fôlego entre a música popular e erudita, fazendo-lhe a ponte, a união, o enlace”, Ernesto Nazareth (1863-1934) é o primeiro compositor do mundo a ter sua discografia inteiramente disponibilizada na internet. Patrocinada pelo Instituto Moreira Sales, a iniciativa prepara as comemorações dos 150 anos de nascimento do músico que acontecem em 2013.

Coordenado por Alexandre Dias, Paulo Aragão e Bia Paes Leme, o projeto cataloga cerca de 2.500 gravações em todo mundo, desde 1902 até hoje. Dessas, 2.043 estão disponíveis para audição online (não sendo permitido, porém, o download) na seção discografia do site www.ernestonazareth150anos.com.br.

O acervo resgata desde as gravações em 78-RPM feitas, na primeira década de século XX, feitas pela lendária Casa Edison que contam com bandas militares e com alguns dos primeiros regionais de choro, passando por gravações com o próprio Nazareth, até a explosão em 1914 de sua música nos EUA e na França. Estão documentados também o período de transição na década de 1940 com influências americanas, os LPs antológicos da década de 1950 com Jacob do Bandolim, Radamés Gnattali e Carolina Cardoso de Menezes, e sua descoberta por Eudóxia de Barros em 1963 e por Arthur Moreira Lima em 1975, que levou o compositor definitivamente às salas de concerto. Mais recentemente, e já na era do CD, sua produção ganha arranjos para as mais variadas formações, incluindo aí conjuntos sinfônicos, e mostrando o alcance de sua obra, seduz músicos das mais diversas nacionalidades – japoneses, americanos, franceses, noruegueses, uruguaios, islandeses, canadenses, além de brasileiros.

Algumas curiosidades do compositor e "pianeiro" (como ele mesmo se chamava). Seu Batuque, tango característico, escrito em 1901 e publicado doze anos depois com modificações, é dedicado a Henrique Oswald. Ao ouvi-lo no Cinema Odeon, na década de 1910, Oswald chegou a afirmar: “É admirável esse moço. Que música ele faz! Eu mesmo seria incapaz de interpretá-la com aquela mestria, aquele prodígio de ritmo. E aqui, perdido nesta indiferença...”. Em 1908, no então Instituto Nacional de Música (INM), Nazareth tomou parte em um “concerto de violão e piano” organizado por Osório Duque Estrada, autor da letra do hino nacional. Um ano depois, no mesmo lugar, interpretou sua gavota Corbeille de fleurs, Batuque e ainda acompanhou Villa-Lobos, então com 22 anos, na peça Le cygne, de Saint-Saëns, para violoncelo e piano. Em 1922, a convite de Luciano Gallet (1893-1931), se apresentou no Salão Leopoldo Miguez executando Brejeiro, Nenê, Bambino e Turuna. A iniciativa encontrou muita resistência e, devido os protestos de um grupo de expectadores contra a inclusão de nome de Nazareth no programa, foi necessária a intervenção policial para garantir a realização do concerto.


Fonte: http://www.musica.ufrj.br

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