quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Maxixe para inglês ouvir, o sucesso de Ernesto Nazareth

Pesquisa revela qual foi a primeira composição brasileira a ganhar o mundo

Instituto Moreira Salles
 
Nazareth, em seu carro: não se sabe se o compositor
ganhou algo pelo sucesso que criou
O primeiro grande sucesso musical brasileiro aconteceu de forma inesperada. Trata-se de Dengoso, um maxixe simples, assinado por um desconhecido chamado Renaud, e publicado sem muito alarde pela Casa Vieira Machado, em 1907, no Rio de Janeiro, como mais um entre os vários do gênero que circulavam entre as casas de edição da época.

Graças a uma pesquisa do Alexandre Dias em andamento há oito anos, descobriu-se agora que Renaud era, na verdade, pseudônimo de Ernesto Nazareth. Pelo que se sabe, Dengoso foi o único maxixe do compositor e chegou até a fazer sucesso moderado no Brasil, tendo três gravações. Mas a história não para por aí: em pouco tempo, o maxixe atravessou o oceano e ganhou fama em Paris. Neste momento, o gênero musical estava se tornando popular na França, sendo inclusive aceita entre a burguesia francesa (depois de um período em que foi estigmatizado como “a mais baixa das danças”). Também se espalhou pela Itália, Alemanha, Espanha e até mesmo Rússia.

Em algumas edições, 'Dengozo' era
chamado de 'parisian maxixe'
A fama foi crescendo até que atingiu seu auge em 1914, quando maxixes brasileiros e estrangeiros eram gravados por diversas bandas americanas e europeias. Entre estas composições, Dengoso era a mais importante: seu número de gravações e execuções ultrapassa qualquer outro maxixe da época, e possivelmente qualquer música brasileira da primeira metade do século 20 no exterior. Segundo o site do Instituto Moreira Salles dedicado aos 150 anos de Nazareth, quando se falava em maxixe em 1914, a melodia que vinha primeiro à mente era o Dengoso, fosse nos EUA ou em Paris.

Segundo a pesquisa, o maxixe Dengoso recebeu pelo menos 31 edições diferentes e 16 gravações entre os anos 1913 e 1917, um número extraordinariamente alto para quaisquer padrões. Chegou até a aparecer em um musical com Fred Astaire e Ginger Rogers (A História de Vernon e Irene Castle, de 1939). O que ainda não se sabe é se, numa época sem internet, Nazareth estava consciente da joia comercial que havia criado – e se chegou a receber royalties por sua composição.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Versão inédita de Vivaldi é encontrada 270 anos após sua morte

Encontrada na Itália, a ópera Orlando Furioso estava esquecida entre papéis da livraria pessoal de Vivaldi

The Observer

Retrato de Vivaldi (1678-1741) exposto no Civico Museo
Bibliografico Musicale, em Bolonha (Reprodução/Corbis)
Descrita por especialistas como “uma bomba no mundo da ópera barroca”, uma nova versão da ópera Orlando Furioso, de Vivaldi, foi encontrada 270 anos após a morte do compositor. O manuscrito data de 1714, treze anos antes de Vivaldi compor sua última obra.

A obra contém 20 novas árias inéditas, todas compostas na mesma época em que Vivaldi trabalhava em As quatro estações, ópera tida como a peça mais regravada da história da música clássica.

“É uma novidade para todos. É muito empolgante”. O manuscrito esteve todo o tempo em uma biblioteca italiana, entre uma vasta quantidade de papéis de Vivaldi. Porém, foi ignorado por não carregar o nome do compositor.

Em 1714, Orlando Furioso, foi uma grande atração do Teatro San Angelo, em Veneza, com 40 apresentações (um grande número para a época). Os diretores do Teatro San Angelo eram Vivaldi e seu pai, que também era músico. O fato que esta ópera era do próprio Vivaldi passou despercebido na época.

Musicólogos acreditam que, por Vivaldi ainda ser padre, talvez ele não quisesse atrair atenção para outra atividade vista na época como leviana. Outra teoria diz que ele não queria ser visto como uma figura dominante no Teatro San Angelo, tendo outra ópera lá encenada.

O manuscrito foi encontrado na Biblioteca Nazionale, em Turim, na livraria pessoal de Vivaldi. De alguma forma acabou sendo catalogado como a revisão de um já existente Orlando Furioso, do jovem compositor bolonhês, Giovanni Alberto Ristori.

A ópera será gravada e lançada em novembro pelo selo francês, Naïve, em sua coleção de edições de Vivaldi.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Pianista francesa Brigitte Engerer morre em Paris aos 59 anos

France Presse, EFE

Brigitte Engerer (Foto: AFP)
A pianista francesa Brigitte Engerer, formada na escola russa e dona de uma ampla e brilhante carreira internacional, faleceu neste sábado em Paris aos 59 anos de idade, informaram seus agentes.

Nascida em Túnis (Tunísia) em 27 de outubro de 1952, Brigitte fez sua última apresentação no dia 12 deste mês no teatro dos Champs-Elysées, quando interpretou o concerto para piano de Schumann na capital francesa, 50 anos após sua primeira performance nessa mesma sala, segundo um comunicado de sua agência, a Concerts de Valmalète.

Começou a tocar piano aos quatro anos de idade e a estudar no Conservatório de Paris aos 11. Aos 17 anos, deixou Paris e foi estudar na União Soviética ao aceitar um convite para estudar no Conservatório de Moscou, onde Stanislas Neuhaus, um dos maiores pedagogos russos, professor dela por cinco anos, louvou posteriormente "a perfeição de sua técnica e seu sentido artístico", para ele Engerer era "uma das pianistas mais brilhantes e originais de sua geração". "Uma parte dela se tornou russa para sempre", segundo seu agente, Hervé Corre de Valmalete que disse que esta artista era "a mais internacional dos pianistas franceses". Brigitte Engerer gravou obras de compositores russos, como Tchaikovski e Musorgski. "O que me faz funcionar é o desejo. Sem isso, não posso fazer nada", dizia Engerer.

A pianista tocou com a Orquestra Filarmônica de Berlim, com a Orquestra de Paris sob a batuta de Daniel Barenboïm e, entre outras, com a Filarmônica de Nova York, dirigida por Zubin Mehta, dentro de uma trajetória que a levou, como lembraram seus representantes, às principais cidades do mundo. Os agentes de Engerer também destacaram sua 'incansável busca pela verdade musical' e a 'infalibilidade de seus dedos'.

Engerer dava aulas no Conservatório Nacional Superior de Paris desde 1994. Muito culta, apaixonada por literatura, sobretudo russa, a pianista falava vários idiomas. Foi casada com o escritor francês Yann Queffélec e tinha uma filha de 27 anos e um filho de 18.

A artista francesa foi agraciada em 2011 com o prêmio Victoire de música clássica pelo conjunto de sua obra, e contava também com os graus de 'cavaleiro' da Ordem da Legião de Honra e de Oficial da Ordem das Artes e Letras da França.

O presidente francês François Hollande expressou sua "tristeza" em um comunicado, ressaltando o talento de Engerer, que "soube honrar a França".

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Em quem os compositores votavam? Algumas notas sobre músicos e política

 


Há algum tempo encontrei um gráfico do Political Compass que procura comparar a opinião política dos compositores. Para tanto, eles construíram um método onde a diversidade de posições ideológicas não fica só na tradicional distinção entre esquerda e direita, acrescentando para tanto a variável se os compositores são mais autoritários ou o inverso disso, mais libertários.

Ainda que abusando do anacronismo, trata-se de um exercício que acho divertido por si só. Segundo eles informam, essa demonstração foi inspirada por um artigo de abril de 1997 na BBC Music Magazine – peculiarmente intitulado como “Would Beethoven vote Labour? Political analyst Vernon Bogdanor plays a guessing game: how would past composers vote in the British election if they were alive today”.


Diversos compositores ficaram de fora, uma vez que é praticamente impossível saber onde enquadrá-los – Bach, Schubert e Mendelssohn, por exemplo –, e não há detalhes de como os outros que aparecem foram posicionados; aparentemente, foi a soma de algum conhecimento biográfico com a intuição mesmo. De todo modo, nem creio que o gráfico seja muito imaginativo, correspondendo a algo próximo da opinião deles, porém algumas rápidas considerações merecem ser feitas. Ao contrário dos artistas de outras áreas, um compositor pode esconder muito bem suas preferências no seu trabalho e, se ainda assim, há insistência em conhecer as intenções obscuras dos autores é porque vivemos numa era que politiza absolutamente todos os espaços da vida, que exige algum compromisso social da estética.

Assim, é inevitável que exista uma expectativa velada dos admiradores para que um artista tenha algo a dizer num campo em que, talvez, ele não saiba nada ou esteja apenas indo atrás das melhores oportunidades para seu trabalho. Afinal, a grande maioria dos bons compositores era de gente comum, ingênua em outras questões que não musicais – e Mahler foi aqui uma rara exceção. Desse modo, poucos foram efetivamente engajados, como um Luigi Nono, por exemplo, que era capaz de batizar um opus como Non Consumiamo Marx (1969). Mas aqui entramos num tema cada vez maior, merecedor de post no futuro: com a modernidade, é nítido que o papel do compositor se amplia de maneira irreversível, abandonando uma posição mais próxima à do artesão até se arrogar porta-voz de uma posição estética e política.

Veja-se, por exemplo, a posição de Mozart, que denuncia o anacronismo da brincadeira. Muito provavelmente o austríaco estava mesmo à esquerda de seu tempo, apesar de não haver esquerda ainda, mas enciclopedistas, maçons e uma imaginação social que recusava cada vez mais o Antigo Regime. Contudo, isso não significa que ele tenha sido um homem politizado que escolheu As Bodas de Fígaro de Beaumachais mais para afrontar a classe dominante do que pelo seu gosto por histórias com personagens populares. Beethoven e Wagner futuramente vão se permitir censurar diversas vulgaridades dos libretos de algumas das melhores óperas de Mozart, que devia parecer a eles apenas um burguês alienado.

Napoleão em seu trono imperial
(1806), de Ingres.
Evidentemente, conhecer uma opção política desagradável do compositor não impede de apreciar a música, mesmo quando ela tem algum propósito óbvio nesse sentido. Beethoven, por exemplo, não via muitos problemas em admirar o Réquiem em Dó Menor (1816) de Cherubini, elegia contrarrevolucionária em homenagem a Luis XVI e Maria Antonieta. Aliás, a biografia do compositor alemão nos lembra que são bem poucas as opções políticas que ao longo do tempo não se revelam desagradáveis. Segundo a história exaustivamente repetida, Beethoven quase comprometeu a dedicatória de um de seus maiores trabalhos por admiração a Bonaparte, tendo desistido imediatamente ao saber da autocoroação deste. Contudo, não cumpre exagerar seu idealismo. Segundo informa seu biógrafo, Maynard Solomon, o compositor de Fidelio se mostra um caso exemplar da humanidade banal do artista – ou complexidade, se preferirem –, se mostrando crítico da conduta de Napoleão muito antes daquele evento e dedicando suas obras sem muito critério que não o econômico, fosse para herdeiros do Iluminismo ou para a nobreza. Seja como agradecimento ou oferecimento em busca de patrocínio, as dedicatórias tinham os objetivos mais mundanos possíveis. Não foi diferente com a Eroica: fosse título ou dedicatória, Bonaparte só teria seu nome ali para ajudar seu compositor a entrar na sociedade parisiense, plano que não aconteceu. Ao fim, Beethoven preferiu mesmo se fixar em Viena, optando por outros projetos e se tornou abertamente antibonapartista.

Outro caso revelador de oportunismo político na música é o de Wagner, localizado no gráfico num extremo infeliz, provavelmente menos pela soma desordenada de afirmações políticas do que pelo que foi aproveitado em sua obra para fins pérfidos. Não quero entrar na consideração se antissemitismo é atributo mais presente à direita ou à esquerda, mas o fato é que muitas das digressões antissemitas de Wagner identificavam os judeus ao capitalismo que ele tanto desprezava. Tendo participado de barricadas para lutar contra a aristocracia ainda predominante na Alemanha, Wagner não viu problemas em posteriormente se aliar à nobreza quando esta lhe possibilitou Bayreuth e até o fim da vida foi extremamente eclético quanto suas convicções intelectuais e políticas – mistura confusa, e até sedutora para alguns, de budismo socialista com uma espécie de nacionalismo mítico. Enfim, sua biografia resume um dos grandes anseios do século XIX: depois de negar tudo, a vontade de se devotar a uma utopia que imprimisse sentido tanto para a vida quanto para a sociedade.

E o nacionalismo, diga-se, mobilizou a música mais do que qualquer outra preferência política, uma vez que percorreu o horizonte de uma parcela considerável de compositores. De Chopin a Bartók, as décadas de ascensão de Estados nacionais geraram resultados díspares no uso do folclore. Nacionalismo musical se tornou algo tão onipresente que seria exagero enxergar exclusivamente política nessas composições.

Kennedy e os Stravinsky
Ironicamente, Wagner não está ali muito distante de Stravinsky, o qual queria distância da música do alemão. Praticamente um símbolo da Rússia czarista, o compositor de Agon (1957) não era nada revolucionário em se tratando de política, detestando igualmente o comunismo, que o impeliu ao exílio, e o liberalismo – ou, em suma, qualquer regime democrático, chegando mesmo a simpatizar com Mussolini nos anos 30. Monarquista, sem dúvida, porém sabia separar as coisas e não teve problemas em conhecer Kennedy – para quem compôs a Elegy – ou mesmo Krushev, em sua única visita à União Soviética em 1962.

Por falar em URSS, não se pode dizer que Prokofiev teve muitas opções no lugar que ocupa. Tendo falecido no mesmo dia que Stalin, e garantindo assim um enterro bastante discreto para si, o autor de Alexander Nevsky (1938) chegou a ter sua esposa presa por “espionagem” em 1948. Já Shostakovitch, ao que tudo indica comunista convicto, aparece um pouco mais ao centro, provavelmente pelas diatribes que teve de suportar até o fim da vida com a censura oficial, o que o debilitava psicologicamente de modo considerável, sendo obrigado a alternar peças medíocres com seus reprováveis desvios burgueses . Em suma, dois gênios amordaçados por um regime brutal.

Por último, merecem ser destacadas duas ausências importantes no gráfico: Verdi e Janacék. O primeiro, que chegou a ser eleito deputado e indicado como senador pelo rei Vitor Emanuel II, e é frequentemente tido como um nacionalista liberal – ao que tudo indica menos por ideologia, e mais por temperamento –, teve um papel bastante digno e bem conhecido durante o Risorgimento. Já o segundo era dono de um nacionalismo rígido, do tipo que proibia a esposa de falar alemão em casa, e teve entre suas melhores composições a sonata para piano 1. X. 1905, em memória do trabalhador tcheco assassinado numa manifestação na Universidade de Brno, um belo libelo contra a autoridade austro-húngara. Provavelmente, uma das músicas de teor político mais bonitas já feitas:


terça-feira, 5 de junho de 2012

Concerto com peças de Wagner é cancelado em Israel após críticas

Sobreviventes do Holocausto fizeram pressão por cancelamento. Compositor germânico era antissemita e um dos preferidos de Hitler.

 Da EFE

Richard Wagner viveu entre 1813 e 1883
A Universidade de Tel Aviv cancelou o concerto que deveria apresentar peças do compositor alemão Richard Wagner depois de receber fortes pressões por partes de grupos de sobreviventes do Holocausto.

O concerto estava previsto para 18 de junho e despertou inúmeros protestos, especialmente por parte de sobreviventes da barbárie nazista, por causa do antissemitismo do compositor germânico, um dos músicos preferidos de Hitler.

Em comunicado, a Universidade de Tel Aviv expressou as razões de sua decisão.

"Nos ocultaram de forma deliberada este fato fundamental (...) Recebemos fortes protestos e recomendações para suspender este evento, que poderia ofender profundamente o público israelense em geral e, em particular, os sobreviventes do Holocausto", reza o documento dirigido a Yonathan Livni, fundador da Sociedade Wagner Israel, encarregada de organizar o evento.

O concerto também deveria contar com a participação de uma orquestra integrada por 100 músicos, que seriam regidos pela batuta do maestro Asher Fisch.

Cópias da carta foram remetidas ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e ao titular de Educação, Gideon Sa'ar.

A figura de Wagner continua sendo um tabu em Israel. O maestro argentino-israelense Daniel Barenboim, um apaixonado pela obra de Wagner, pôde vivenciar todas as dificuldades de interpretar peças do compositor alemão em Israel. Em 2001, quando o mesmo regia partes de "Tristão e Isolda", o público abandonou seu concerto.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

23º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga


O Centro Cultural Pró-Música/UFJF abriu hoje as inscrições para o 23º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga realizado em Juiz de Fora (MG) entre os dias 15 e 29 de julho. Serão aceitas cerca de 700 inscrições para 36 cursos nas áreas de cordas, sopros, orquestras, vozes e didática da musicalização ministrados por 48 conceituados professores brasileiros e estrangeiros. O evento, que tem o maior departamento de música antiga do país, oferece cursos de traverso, viola da gamba, violino, violoncelo, cravo, além de canto barroco. Entre as opções também estão os instrumentos modernos e as oficinas para crianças, como a de prática de orquestras. A formação de professores tem espaço com o curso de didática da musicalização infantil.

Em sua primeira edição depois da incorporação do Centro Cultural Pró-Música pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o Festival amplia seu conteúdo teórico com a retomada do Encontro de Musicologia Histórica, a realização de master class internacional com integrantes do Ricercar Consort e palestras, ministradas por Paulo Bosísio, Homero Magalhães Filho, Rodolfo Valverde e César Villavicencio. O público também se beneficia com esta ampliação por meio do bate-papo sobre os concertos, toda noite, às 19h30, quando o professor Rodolfo Valverde fará comentários sobre as atrações e os programas dos recitais.

Orquestra Barroca do Festival
Orquestra Barroca do Festival
Na programação cultural, destaque para o alto nível de mais de 30 concertos vespertinos e noturnos, todos gratuitos, em teatros e nas ruas. Maior evento brasileiro inteiramente dedicado à música historicamente informada, o 23º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga reúne em Juiz de Fora (MG) grandes estrelas internacionais no ensino e na performance. Durante quinze dias, nomes como o Ricercar Consort (Bélgica), o More Hispano (Espanha), o pianista Arnaldo Cohen, o violonista Yamandu Costa e a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais fazem concertos gratuitos em teatros e igrejas. Entre os pontos altos está a apresentação da Orquestra Barroca do Festival. Formada por músicos de consolidada carreira internacional, a orquestra faz mais um registro em CD da música barroca e colonial interpretada de forma historicamente correta.

As inscrições podem ser feitas pelo o site do Pró-Música (www.promusica.org.br) até a véspera do evento, dependendo da disponibilidade de vagas. Os cem primeiros inscritos têm direito a alojamento gratuito e os 200 primeiros recebem alimentação (almoço e jantar) sem custo. A taxa é de R$ 120 por curso em pagamento com cheque nominal ao Centro Cultural Pró-Música ou depósito no Banco do Brasil (agência 0024-8, conta 6745-8). No caso do depósito, o comprovante deve ser remetido junto com a ficha de inscrição por e-mail (promusica@terra.com.br) ou fax (32) 3216-4787.

O 23° Festival tem o patrocínio de Petrobras, UFJF, Cemig, Prefeitura de Juiz de Fora e ArcelorMittal; apoio de Leis Estadual e Federal de Incentivo à Cultura, Funalfa, Tribuna de Minas, TV Integração, Rumos Empresa Júnior de Turismo, Embaixada da Espanha no Brasil e Quilombo Comunicação. Todas as informações, inclusive a ficha de inscrição, estão disponíveis no site www.promusica.org.br. Acompanhe o Festival e todas as atividades do Pró-Música no Twitter – @promusicajf

Prêmios

- Tombado como patrimônio imaterial pela Prefeitura de Juiz de Fora (2009)
- Trofeu Guarany do 9º Prêmio Carlos Gomes, concedido por Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e Alice Carta Produções (2004)
- Ordem do Mérito Cultural, insígna concedida pela Casa Civil da Presidência da República/Ministério da Cultura (2002)
- Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, na categoria preservação de bens móveis e imóveis, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Ministério da Cultura (2000)
- Evento do calendário oficial Juiz de Fora, Prefeitura de Juiz de Fora (1997)

Assessoria Pró-Música (32) 3216-4787
Lilian Pace (32) 9112-5581
Fabiola Costa (32) 9982-2422

domingo, 3 de junho de 2012

Violonista brasileiro busca na internet ajuda para estudar na Royal Academy of Music, em Londres

Foto de Filipe Araújo/AE
“Cara, eu não tô acreditando nisso”, diz Marcus, na noite de quarta-feira, espantado com a repercussão de sua história nas redes sociais – e com a quantidade de músicos que o têm apoiado. “Gente que não conheço está me escrevendo, me dando muita força. Só hoje consegui R$ 4 mil.” Aos 26 anos, o violonista mal consegue parar de falar. Está “em choque”. Mas começa a achar possível a realização do sonho: ir estudar em Londres. A história de Marcus Toscano começou, na verdade, no ano passado. Ao menos, seu capítulo mais recente. Em julho, no Festival de Inverno de Campos do Jordão, teve aulas com Michael Lewin, professor da Royal Academy de Londres. Para jovens violonistas, é uma escola mítica. Foi lá, por exemplo, que deu aulas o mestre Julian Bream – e é lá que atuam, além de Lewin, professores importantes como o australiano John Williams e o brasileiro Fábio Zanon. Toscano desceu a serra de Campos do Jordão com uma ideia fixa: estudar na Royal Academy. Preparou-se em São Paulo com Zanon. Aceitou toda oportunidade de se apresentar ao longo do segundo semestre, juntando o dinheiro para a viagem, para a qual contou também com a ajuda dos pais de um amigo. Em dezembro, logo após a última prova na faculdade, em São Miguel Paulista, correu para o aeroporto. Passou poucos dias em Londres e retornou ao Brasil, onde, no dia 3 de janeiro, recebeu uma carta da Royal Academy: havia sido aprovado entre 70 concorrentes para uma das duas vagas do curso de violão, com a possibilidade de fazer também mestrado na Universidade de Londres.

Natural de Sorocaba, Toscano conta que, na infância, não tinha ligação nenhuma com a música. Passava o dia jogando videogames – e, preocupada, sua mãe resolveu lhe dar um violão para tentar tirá-lo da frente da tela. Chegou a ter uma banda na adolescência, mas o repertório clássico se impôs nas aulas com Pedro Cameron, em Sorocaba, e no Conservatório de Tatuí, com Henrique Pinto. Estudava de 8 a 12 horas por dia. Em 2005, perdeu a mãe. Vendeu o que ela lhe deixou – pequenos objetos de família –, comprou um violão e mudou-se para São Paulo, ajudado, “sempre no limite”, pelas avós. “Em janeiro, quando vi a carta, coloquei na cabeça que ia dar certo. Não conseguia pensar em outra coisa, pegava no violão, mas a cabeça não me deixava estudar, foi tudo muito maluco”, conta. Para a viagem e a matrícula, ele precisaria de R$ 60 mil. Foi então que conheceu Rafael Cortez, integrante do CQC, que também flertou na juventude com o sonho de ser violonista clássico. Os dois conversaram durante toda uma madrugada, ao longo da qual Toscano interpretou, pelo telefone, algumas peças. Dias depois, gravaram no Teatro São Pedro um vídeo em que Cortez apresenta Toscano e pede ao público que colabore com sua ida a Londres, entrando no site http://benfeitoria.com/marcustoscano – e doando de R$ 10 a R$ 10 mil. Até o início da manhã de hoje, ele já havia conseguido cerca de R$ 12,5 mil, doados por 142 pessoas. Se conseguir todo o dinheiro, Toscano vai a Londres; se não conseguir, os doadores recebem seu dinheiro de volta.

“É a única opção. Se eu for esperar algum apoio institucional, de algum governo, não vou sair daqui”, diz Toscano, que nas últimas semanas ganhou apoiadores de peso. Paulo Bellinati, um dos maiores violonistas brasileiros, afirma que “sua versão da minha composição ‘Jongo’, é uma das mais brilhantes que conheço”. Fábio Zanon, por sua vez, acredita que essa iniciativa pode “abrir um precedente extraordinário”. “A situação para os estudantes de música no Brasil realmente não é fácil”, diz, em entrevista ao Estado. “Eles são reféns do nosso sistema universitário caduco, que não promove excelência. “Não existe, dentro dessa onda de estímulo à pós-graduação no exterior, um programa que contemple o estudante de artes naquilo que ele realmente precisa.” “Isso é tudo muito novo, essa ideia de financiamento colaborativo para bancar uma bolsa de estudos”, diz Toscano sobre o crowdfunding, fenômeno relativamente recente, que tem sido utilizado, em especial no mundo pop, para gravações de álbuns e realizações de turnês. “Mas não quero ficar parado esperando. Vou aceitar toda possibilidade de me apresentar este ano, ajudar a reunir a grana. Meu caso é prova de que não se trata de talento, eu não tive uma infância musical, mas, sim, de tentar estar entre os melhores, ouvi-los, e trabalhar muito, estudar muito. Tem de correr atrás.”


Fonte: http://www.estadao.com.br/

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A “escola” do falsificador. Artigo de Camila Frésca no blog do Hassel Mendel


Depois de ler a crítica do colega Leonardo Martinelli sobre André Rieu – com a qual concordo plenamente, por sinal – e conferir a repercussão do texto no mundo virtual, fiquei pensando no assunto e me lembrei de alguns relatos que, em outro contexto, tratam de situações bem parecidas. São textos que descrevem concertos do século XIX e surpreendem à primeira leitura. Afinal, pode-se pensar que esta espécie de vulgarização ou banalização da música clássica seja coisa recente, fruto de uma sociedade massificada e voltada para o espetáculo. Mas não pensem que os artistas e o público do século XIX eram todos sofisticados e cultivavam a “alta” cultura de forma idealizada. Muitas das apresentações de música clássica da época mais pareciam números de circo, com intérpretes fazendo todo tipo de bizarrices e executando um repertório de gosto extremamente duvidoso.

Vejamos por exemplo duas situações narradas no livro Storia della musica nel brasile – dai tempi colonial sino ai nostri giorni, do italiano Vincenzo Cernicchiaro. O músico, que viveu por muitos anos no Rio de Janeiro, atuou como violinista e professor e publicou sua história da música em Milão em 1926. Trata-se de um registro importantíssimo das atividades musicais do país, principalmente do século XIX. Como era violinista, Cernicchiaro dedicou atenção especial a essa categoria. No capítulo “Dos violinistas nacionais e estrangeiros (1844-1925)” ele afirma que, em 1845, um tal de Agostino Robbio (provavelmente italiano) deu alguns concertos no Rio de Janeiro. Num deles, o repertório era composto por obras como “Casta diva” de Norma; um “tema com variações para rabeca sobre motivos da ópera Sonnambula”; e “variações burlescas sobre motivos das valsas de Strauss”. Já sobre outro dos concertos de Robbio, um crítico da época escreveu: “As imitações do cantar dos pássaros, do ornejar do jumento e outras que ele faz com a perfeição conhecida pelas que tem ouvido, acrescentou a do chiar dos carros de transportar madeira etc., com espantosa semelhança”.

Outro exemplo é Antonio Saenz, violinista alemão que chegou ao Rio igualmente em 1845. Segundo Cernicchiaro, em seu programa de concerto, ao lado de peças triviais, estavam variações de Paganini tocadas numa corda, com a particularidade de que “o beneficiado tocará algumas delas com uma bengalinha (?!) em vez de arco; e, por último, as grandes variações ou miscelânea do concertista, executadas em 14 instrumentos...”. Após essa informação inusitada, uma nota à margem do programa esclarecia: “Bem convencido está o beneficiado de que é árdua a empresa da execução dos indicados instrumentos, posto que a variedade das embocaduras nos de vento, e os diferentes diapasões de cordas, apresentarão dificuldades gravíssimas, tais que o beneficiado se persuade que, pelo menos na América, é ele o primeiro que tem podido vencê-las; todavia conta com a indulgência generosa de um público tão inteligente e benévolo como o fluminense”. Ou seja, a promessa era de um espetáculo bizarro e de uma demonstração de virtuosidade em vários instrumentos. Porém, o músico já pedia de antemão a “indulgência generosa” do público, caso não desse conta de tanta estripulia...


Mas o registro que mais se aproxima do que faz André Rieu hoje em dia encontrei em outro livro de referência, 150 anos de música no Brasil, de Luiz Heitor Corrêa de Azevedo. Tratando do mesmo período, ele conta: “André Gravenstein, holandês que chegou ao Rio de Janeiro em 1859, fundou e teve grande êxito com os chamados ‘Concertos à Musard’, em que imitava os processos excêntricos que haviam feito a fortuna de Philippe Musard no Théâtre des varietés, de Paris (...) Com a sua orquestra de doze trombones cantantes e 14 cornetins, transformando em quadrilhas e galopes alucinantes os motivos de ópera mais em voga, ele criava, na sala de baile, uma atmosfera de delírio (...) Ao som de uma orquestra de cem executantes, a jeunesse dorée fluminense dançava a célebre quadrilha Chicocandou e ouvia os números de concerto enxertados no programa, inclusive solos de violino executados pelo próprio Gravenstein”. Está aí a ‘escola’ de Rieu” – ironicamente, os personagens de ontem e de hoje são similares até no nome...

Com a massificação dos produtos culturais e os eficientíssimos meios de comunicação que possuímos hoje, algumas coisas tomam dimensões verdadeiramente assombrosas, mas isso não significa que passaram a existir somente agora. Espetáculos popularescos e criados para ser em primeiro lugar um negócio lucrativo existem há muito. E outra questão que me ocorreu foi: será que o violino seria especialmente propício a este tipo de arte marqueteira e malabarística? Afinal, deixando de lado a música (que ainda assim não pode ser comparada à de um Beethoven ou Bach) e pensando somente nas lendas que envolvem Paganini, logo vem à mente as histórias de que ele chegava aos concertos coberto por um manto negro numa carruagem puxada por cavalos negros; que seu som e suas acrobacias ao violino eram tão extraordinários que as senhoras chegavam a desmaiar durante os concertos; e que, em algumas apresentações, misteriosamente, as cordas de seu violino estouravam uma a uma, restando-lhe apenas a Sol: mas ele continuava tocando, gloriosamente, até o final da música, para o espanto da audiência. A se pensar...


Camila Frésca - é jornalista e doutoranda em musicologia pela ECA-USP. É autora do livro "Uma extraordinária revelação de arte: Flausino Vale e o violino brasileiro" (Annablume, 2010)



Fonte: http://www.concerto.com.br

sábado, 26 de maio de 2012

Cancelamentos

Anna Netrebko
Anna Netrebko
 A temporada de festivais mal começou no Hemisfério Norte e notícias de cancelamento já agitam o mercado. Primeiro foi Anna Netrebko, que após cancelar récitas de Don Giovanni, em Berlim, e de “I Capuleti ei Montecchi”, de Bellini, em Munique, não vai mais se apresentar no Whitsun Festival de Salzburg. Agora, o tenor Jonas Kaufmann, depois de cancelar algumas récitas de “A Valquíria” no azarado “Anel” do Metropolitan de Nova York, acaba de abandonar a programação do Festival de Lucerna, onde faria recitais. No caso dele, a imprensa suíça não perdoou. Se estava com problemas na voz, por que cantou, no sábado passado, antes da final da Liga dos Campões, em Munique? O cantor correu à imprensa para esclarecer que, na cerimônia, apenas dublou uma gravação feita tempos antes. “Se tivesse que cantar ao vivo, também teria cancelado”, disse, acrescentando que não recebeu um centavo pela performance.

Jonas Kaufmann
Jonas Kaufmann
Kaufmann tem um histórico grande de cancelamentos – e por conta disso a todo instante surgem boatos sobre sérios problemas em sua voz. O fantasma do cantor que, por excesso de compromissos, destrói a voz cedo demais nunca deixa de rondar o mercado da ópera. Até porque fez vítimas recentemente – que fim levou José Cura? Isso para não falar de Rolando Villazón, que passou de novo Plácido Domingo a cantor de segundo time em questão de meses, lutando com um problema nas cordas vocais – sua recente gravação do Werther, de Massenet, em Londres, símbolo de seu “retorno” revela um vibrato insistente e uma afinação precária. Talvez por isso, cancelamentos ocasionais sejam uma medida mais sensata do que cantar demais, mesmo quando não se sente à vontade. Para o público, é frustrante mas, é como disse o barítono Renato Bruson, em recente passagem por São Paulo. “Os artistas desaprenderam uma lição importantíssima: a coragem de dizer não. Nos últimos anos assisti a bons cantores, vi dois ou três barítonos que me empolgaram. Onde estão hoje? Com problemas vocais. Canta-se demais. Eu me lembro, nos anos 80, de cantar Otello com Plácido Domingo em Buenos Aires. Ele cantava à noite, pegava um avião, ia para a Europa cantar. Voltava dois dias depois, fazíamos mais uma récita de Otello. Então, pegava de novo seu avião e ia para os Estados Unidos.” O problema, completou, é que nem todo mundo tem a voz – e a inteligência – de Domingo.


Fonte: estadao.com.br

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Jessye Norman se apresenta amanhã na BBC Radio 3

A lendária soprano americana, Jessye Norman, se apresentará ao vivo amanhã no “In Tune” da BBC Radio 3. Vencedora de inúmeros prêmios, incluindo o “Grammy Lifetime Achievement Award” de música clássica e inúmeras célebres performances, Jessye Norman é uma das grandes sopranos wagnerianas da atualidade.

Além disso, ainda teremos o virtuoso trompetista sueco Hakan Hardenberger, descrito como “o mais limpo e sutil trompetista da Terra” tocando ao vivo nos estúdios da BBC, enquanto se prepara para comemorar seu 50º aniversário no Cadogan Hall, em Londres.

O programa Irá ao ar amanhã às 16:30 (12:30, horário de Brasília), e terá duração de 2 horas. Para ouvir, basta acessar o site da BBC Radio 3 ou clicar aqui.

Atualização (10/05/2012 - 20:40):
O programa foi ao ar hoje, mas você ainda pode assistir dentro dos próximos 7 dias clicando aqui.


Fonte: http://www.bbc.co.uk/radio3/

segunda-feira, 7 de maio de 2012

RioHarpFestival movimenta o Rio de Janeiro até final do mês

Kaori Otake
O projeto Música no Museu, que tradicionalmente leva uma programação mensal ao Rio de Janeiro e outras cidades, desta vez promove o RioHarpFestival, que chega à sétima edição. Harpistas de 25 países tocam em apresentações solo ou acompanhados por grupos. O festival, que já é referência internacional no circuito mundial da harpa, vai até o final de maio em apresentações diárias em diversos espaços culturais da capital carioca, em um total de mais de 80 apresentações.

Grandes nomes do instrumento passam pelos palcos cariocas, como a japonesa Kaori Otake, o português Mário Falcão, a italiana Marcella Carboni e a alemã Silke Aichhorn, além dos brasileiros Gustavo Beaklini, Vanja Ferreira e Suélen Sampaio. O festival permite que o público acompanhe uma grande variedade de repertórios para harpa. Desde compositores eruditos, como Tchaikovsky, Liszt e Bach, passando por canções populares de Vinicius de Moraes, Cartola e Gardel, até a improvável intersecção da harpa com o rock, como no caso do concerto do dia 18, no Centro Cultural da Justiça Federal, de Celso Lazarini (flauta) e Jonathan Faganello (harpa), que apresentam músicas do Pink Floyd e Deep Purple, entre outras bandas.


Fonte: http://www.rioharpfestival.com/http://www.concerto.com.br

sábado, 5 de maio de 2012

Fundação Osesp anuncia programação do 43º Festival de Inverno de Campos do Jordão

Marcelo Lopes, Marcelo Araújo e Artur Nestrovski
Marcelo Lopes, Marcelo Araújo e Artur Nestrovski
Em coletiva de imprensa realizada quarta-feira (2/5) na Sala São Paulo, o secretário de Cultura Marcelo Araujo, o diretor executivo Marcelo Lopes e o diretor artístico Arthur Nestrovski anunciaram as linhas gerais e a programação do 43º Festival de Inverno de Campos do Jordão. A abertura será dia 30 de junho no Auditório Claudio Santoro, com um concerto da Osesp, Coro da Osesp, Coral Paulistano e participação de solistas estrangeiros, sob direção do maestro Thomas Dausgaard, em apresentação da Missa Solemnis de Beethoven.

A realização do Festival de Campos do Jordão passa agora a ser feita pela Fundação Osesp, que substitui a Santa Marcelina Cultura responsável pelas últimas duas edições. Apesar dessa decisão ter sido tomada há apenas poucas semanas – e a despeito da complexidade de planejamento e produção que um evento dessa natureza demanda – é bem ambiciosa e programação apresentada: serão cerca de 60 concertos com artistas como Marin Alsop, Nelson Freire, Sarah Chang, Antonio Meneses, Giancarlo Guerrero, Johannes Moser, Sir Richard Armstrong, Fábio Zanon, Nelson Goerner, Isaac Karabtchevsky, Hagai Shaham, Quarteto Vogler, Nathan Gunn e outros.

A novidade fica por conta da mudança na área pedagógica, que passa a ter como foco a atividade orquestral – a sinfônica formada por alunos fará três programas distintos ao longo do festival. “Montamos a programação em torno de três eixos principais”, explicou na quarta o diretor artístico do festival, Arthur Nestrovski. “O primeiro diz respeito à orquestra dos bolsistas; o segundo, aos professores que também farão concertos; e, por fim, artistas convidados, que vão apenas se apresentar, com destaque para os principais conjuntos sinfônicos e de câmara brasileiros.”

A orquestra dos bolsistas será comandada por três maestros. Na primeira semana, rege o grupo Sir Richard Armstrong, em programa que tem obras de Wagner, Mahler e Dvorak; na segunda, será a vez de Giancarlo Guerrero, com obras de Dvorak, Chapela e Bernstein; e, no terceiro, assume o grupo Marin Alsop, com peças de Mozart, Camargo Guarnieri e Bartok. Os concertos serão realizados em Campos do Jordão e na Sala São Paulo; a itinerância pelo Estado, instituída no ano passado, foi abolida. “Para nós parece mais interessante, do ponto de vista de experiência artística, que os músicos se apresentem em um palco como a Sala São Paulo, com maestros de peso.”

Os três maestros – assim como o pianista Nelson Freire e o violoncelista Johannes Moser, que serão os solistas dos concertos da orquestra do festival – também participam da temporada da Osesp; da mesma forma, muitos dos professores vêm da orquestra. “Nesse primeiro ano, até por uma questão de tempo, acabamos nos valendo de quem já estaria aqui por conta da temporada da Osesp”, diz Nestrovski. A Osesp fará três programas em Campos, entre eles a abertura (Missa Solene, de Beethoven, regida por Thomas Dausgaard) e o encerramento (programa com Ives, Britten, Adams e Shostakovich, com Carlos Kalmar e o barítono americano Nathan Gunn). Músicos como o violoncelista Antonio Meneses, os pianistas Ewa Kupiec, Nelson Goerner e José Feghali, o flautista Jacques Zoon e o trompetista Ole Edward Antonsen estão entre os artistas convidados, que farão apresentações e darão aulas e masterclasses. A violinista Sarah Chang não dará aulas, mas fará concerto com a Filarmônica Jovem da Colômbia. Entre os grupos brasileiros, estão a Sinfônica Municipal de São Paulo, a Experimental de Repertório, a Sinfônica Brasileira, a Filarmônica de Minas Gerais e a Petrobrás Sinfônica, que vai apresentar a nova ópera de João Guilherme Ripper, Piedade. Ripper, como Chapela e André Mehmari darão masterclasses e terão encontros com o público antes dos concertos. Na lista de grupos de fora, o destaque é o Quarteto Vogler, da Alemanha.

Esculturas ao lado do Auditório Claudio Santoro, em Campos do Jordão
Esculturas ao lado do Auditório Claudio Santoro, em Campos do Jordão

O Festival de Campos do Jordão também firmou convênios internacionais com quatro destacadas academias de música, que participarão enviando alunos e professores: Royal Academy of Music de Londres (quinteto de metais), Conservatório de Amsterdã (quarteto de cordas e quinteto de sopros), Conservatório Real de Haia (quarteto de cordas) e Peabody Institute dos Estados Unidos (quarteto de cordas). Esses alunos se juntarão aos brasileiros, somando 115 bolsistas – as inscrições para estudantes brasileiros permanecem abertas até 15 de maio. Conforme Marcelo Lopes, “a Fundação Osesp, em sua estreia na organização do Festival, seguirá a mesma linha pedagógica aplicada na Academia da Osesp, com uma orientação intensiva voltada à prática orquestral qualificada”.

A Fundação Osesp também anunciou que os bolsistas não serão mais alojados nas antigas dependências, sempre muito criticadas em razão de suas precariedades. Agora, os bolsistas serão hospedados em uma pousada localizada a pequena distância do auditório. As aulas e cursos passarão a ser ministrados no Castelo Chinês, “um espaço agradável e adaptado às necessidades do Festival”, conforme as informações recebidas.

O orçamento para o Festival deste ano é de R$ 6 milhões, sendo R$ 2,5 milhões financiados pelo governo do Estado e R$ 3,5 milhões pelo Bradesco, patrocinador do evento desde 2005.

A QUESTÃO DA DIREÇÃO

Arthur Nestrovski, diretor artística da Osesp, e Marcelo Lopes, diretor executivo, assumem os mesmos postos em Campos do Jordão. Questionado sobre esta centralização de poder de decisão, o secretário de Cultura Marcelo Araújo afirmou que a saída foi necessária neste primeiro momento. “Mas isso não significa que seja a única possibilidade. Já no ano que vem o festival pode ganhar direção própria dentro da estrutura da Fundação Osesp.” Para Lopes, sempre haverá ligação entre o festival e a orquestra. “Mas não há tentativa de agregar poder de maneira vertical.”


Fonte: http://www.estadao.com.br; http://www.concerto.com.br; http://www.festivalcamposdojordao.org.br/

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Così fan tutte na UFRJ

O diretor André Heller-Lopes em ensaio com
solistas e o pianista Gustavo Ballesteros.
Depois do sucesso do ano passado, o projeto Ópera na UFRJ prepara Così fan tutte (Assim todas fazem, em tradução literal), de Wolfgang Amadeus Mozart, com estreia marcada para 05 de julho, no Salão Leopoldo Miguez. A direção musical e regência são de André Cardoso e a direção cênica é de André Heller-Lopes, ambos professores da Escola de Música (EM). Com 130 integrantes, entre cantores, instrumentistas, artistas plásticos, atores, coreógrafos, iluminadores e produtores, a montagem reunirá, mais uma vez, estudantes, técnico-administrativos e docentes de três unidades. Figurino, cenário e projeção cênica estão a cargo da Belas Artes (EBA) e os assistentes de direção são alunos da Comunicação (ECO). A obra será apresentada em duas versões - clássica e contemporânea -, cada uma com um elenco de solistas. Cantada em italiano, terá legendas em português.

Così fan tutte é a terceira e última ópera do compositor cujo libreto foi escrito por Lorenzo da Ponte. As outras duas haviam sido “As Bodas de Fígaro” e “Don Giovanni”. É considerada por muitos como aquela que melhor reúne um profundo sentido de comédia com a magistral criação musical de Mozart no desenho e definição das contradições amorosas da alma humana. A escolha do título se deve ao fato da obra se adequar às necessidades da Escola, com vários solistas e podendo assim dar oportunidade aos alunos, salienta André Cardoso, lembrando também que um coro menor e poucas mudanças de cenário facilitam a logística da montagem e da produção como um todo, o que é importante em um projeto itinerante.

Além das quatro récitas na EM, a apresentação de Così fará parte da programação do Festival de Inverno de Petrópolis, também em julho. Em Campos dos Goytacazes, integrará as comemorações dos 15 anos do Teatro Trianon. A temporada inclui ainda Niterói e outras cidades. Em 2011, Don Quixote nas Bodas de Comacho reuniu um público mais de três mil pessoas. “Estamos trabalhando para bater esse recorde”, avisa o coordenador de produção, José Mauro, da EM.


Fonte: http://www.musica.ufrj.br

domingo, 29 de abril de 2012

Violinos de colecionador ajudam a contar histórias do Holocausto

Após anúncio em rádio, israelense conseguiu reunir 36 instrumentos.

Filho de sobreviventes, ele diz que violinos são como lápides para mortos.


Violino com cinco estrelas de Davi é exibido na Universidade da Carolina do Norte, nos EUA (Foto: Chuck Burton/AP)
Violino com cinco estrelas de Davi é exibido na
Universidade da Carolina do Norte, nos EUA
(Foto: Chuck Burton/AP)
Todos os dias, eles tocavam para os companheiros nos campos de concentração nazistas espalhados pela Europa da época da Segunda Guerra Mundial. Muitos dos músicos, geralmente amadores, que compunham as orquestras dos campos foram salvos por sua habilidade - e pelos seus instrumentos, que guardam até hoje a história do massacre de 6 milhões de judeus pelo regime de Adolf Hitler na Alemanha.

Um pouco dessa história está nas mãos de um israelense chamado Amnon Weinstein. Fabricante de violinos, Amnon tem uma loja-ateliê em Tel Aviv onde guarda 36 violinos de músicos judeus que viveram na Alemanha na época do genocídio nazista, inclusive de sua família.

Em entrevista ao G1 por telefone dos Estados Unidos, onde expôs em abril os violinos pela primeira vez no continente americano - na Universidade da Carolina do Norte, em Charlotte -, o simpático senhor de 73 anos contou como começou o projeto "Violinos da Esperança" e falou sobre a importância de manter a memória do que aconteceu. "Eles [os violinos] são como lápides para todos os músicos mortos no Holocausto, centenas deles, milhares, minha família."

Como tudo começou?
Amnon
- O começo é muito prosaico, eu sempre digo. Eu tinha um aluno que veio do leste alemão trabalhar como fabricante de arcos em Israel, estamos falando de 15 anos atrás, e no momento em que ele apendeu sobre o Holocausto, ele tentou me convencer a dar uma palestra sobre violinos que vieram para Israel em 1936 [vou explicar depois o porquê, tenho uma coleção deles], na associação de produtores de arcos e violinos da Alemanha. Levou dois anos para eu dizer sim e depois foi como uma bola de neve. Desse tempo em diante, eu tenho trabalhado no projeto 'Violinos da Esperança'.


Amnon segura violino da coleção (Foto: Ken Lambla)
Amnon segura violino da coleção (Foto: Ken Lambla)

E por que 1936? É muito especial e importante. Em 1936, Bronisław Huberman, um grande violinista judeu, e o maestro italiano Arturo Toscanini, na época número um do mundo, criaram a orquestra filarmônica de Israel atual. E Huberman trouxe os melhores músicos da Europa para Israel, judeus. Porque ele viveu em Berlim e entendeu o que os alemães tinham planejado fazer com os judeus mais para frente. Então ele convenceu os músicos a vir para Israel formar essa orquestra e salvou cem músicos e as pessoas ao redor - o que dava cerca de 300 pessoas salvas dos nazistas.

A maioria desses músicos que vieram de Alemanha, França, Suíça ou Polônia tocava em instrumentos de fabricação alemã. Para eles, naquela época não havia problema em usar um violino feito na Alemanha e ser um músico judeu. E eles sabiam que em Israel não havia nada, nenhum fazedor de violino, não se podia nem comprar cordas. Então cada um trouxe consigo ao menos três violinos, violas e violoncelos, pois em caso de quebrar eles tinham que mandar para a Europa de barco para arrumar e demorava muito tempo.

Agora pulemos para 1945, após a guerra. Em Israel, todos sabem sobre as atrocidades que os alemães fizeram na Europa. E pode-se dizer que em Israel, nessa época, a maioria das pessoas tinha família entre os 6 milhões de pessoas [mortas no Holocausto]. Então houve um boicote completo de qualquer produto de origem germânica, de vacas até qualquer produto de casa, incluindo, claro, violinos. Os músicos chegavam e diziam 'não vamos mais tocar nesse instrumento'. Alguns quebraram os violinos e outros chegaram pro meu pai e disseram 'se você não comprar o violino, eu vou queimá-lo'. Então meu pai...

Seu pai também fazia violinos?
Amnon
- Sim, claro! Então sem mencionar nada - ou sentindo algo - meu pai adquiriu uma enorme coleção de instrumentos de origem alemã. Portanto aquele fabricante de arcos de que lhe falei me convenceu a fazer uma palestra sobre isso em Dresden (Alemanha). Depois, num programa de rádio em Israel, eu perguntei ao público quem tinha violinos relacionados ao Holocausto e hoje tenho uma coleção de 36 violinos assim divididos em quatro categorias: a primeira é de violinos que estiveram no Holocausto e de que sabemos o nome da pessoa que tocava, e às vezes até temos fotos dos donos; a segunda categoria é de instrumentos que estiveram no Holocausto, mas de que não sabemos nada de seus donos. Porque, para essas pessoas, os violinos sobreviveram à vida, à guerra, os alemães precisavam de todos esses músicos para tocar e enganar os judeus para ir para a câmara de gás.

Os violinos da coleção de Amnon (Foto: Ziv Shenhav)
Os violinos da coleção de Amnon (Foto: Ziv Shenhav)

Após a guerra, nenhum deles tocou violino nunca mais na vida, só algumas mulheres que não viram tantas das atrocidades e mortes que os homens viram durante a guerra. Muitos deles escaparam da Europa e foram para os EUA, muitos não quiseram vir para Israel, que estava em guerra, e acredito que 99% guardaram os violinos e nunca mais falaram sobre o assunto. É um fato que muitos sobreviventes não falavam uma palavra sobre o Holocausto. Era como um tabu para eles, um assunto proibido.

A terceira categoria da coleção são violinos de membros da orquestra, tenho muitos no ateliê, e só um deles está pronto para ser tocado. A quarta categoria é de violinos usados por músicos populares, que tocam em casamentos e bar mitzvahs [cerimônia judaica que insere o jovem na comunidade adulta], e muitos deles tocavam em violinos com a Estrela de Davi. Os alemães confiscaram milhares de instrumentos pertencentes a judeus e é impossível rastrear quem são os donos por causa da falta de documentação.

Todo esse trabalho feito com os violinos é porque estamos deixando de volta em condições de serem tocados quase todos os instrumentos. Eles são como lápides para todos os músicos mortos no Holocausto, centena deles, milhares, minha família. Minha irmã uma vez fez a conta, e quase 400 pessoas da nossa família morreram no Holocausto.

Só da sua família?
Amnon
- Sim! As famílias judias daquela época eram muito grandes. Só o meu pai tinha 11 irmãos, imagina quanta gente. Ele e um outro irmão sobreviveram, mais ninguém.

Quando seu pai chegou a Israel?
Amnon
- Em 1938. Meu pai decidiu emigrar para Israel, ele era um músico profissional e também um fabricante de violinos.

O senhor aprendeu a profissão com ele?
Amnon
- Sim, primeiro com ele, depois fui para a Itália e a França, esse é meu currículo como fabricante de violinos. Ganhei prêmios em competições, e depois todo meu tempo é dedicado para o 'Violinos da Esperança'.


Amnon trabalha em seu ateliê (Foto: Ken Lambla)
Amnon trabalha em seu ateliê (Foto: Ken Lambla)

Como o primeiro violino chegou ao senhor?
Amnon - Como lhe falei, foi por meio de um programa de rádio, em Israel. Aí chegou um, dois, fizemos concertos em Istambul e depois fizemos um grande concerto em Paris, e na época tínhamos só quatro violinos. Hoje estamos falando de 36 violinos - 18 aqui em Charlotte [na exposição]. Você consegue imaginar isso? Todos em condições de tocar, todos para concertos. Há alguns instrumentos que nunca serão restaurados e ficarão como evidência para as próximas gerações.

Por exemplo, eu recebi de um americano, fabricante de arcos, Joshua Henry, ele me escreveu um e-mail dizendo que comprou um violino de um comerciante judeu e quando abriu o violino ele achou o escrito 'Heil Hitler' [saudação nazista], 1936 e uma suástica. Com uma caneta, escrito de um jeito muito agressivo e feio. Nossa opinião é que, não temos provas porque o dono provavelmente morreu, mas no ano 1936 havia muitos judeus morando na Alemanha e o dono, que era um tocador amador, porque não era um violino grande, era um violino normal, alguma coisa aconteceu e ele foi num ateliê para arumar e essa pessoa sem permissão, sem falar para ninguém, abriu e escreveu 'Heil Hitler' dentro e não havia como fazer isso sem abrir o violino - e isso eu posso confirmar. E então ele devolveu o violino para o homem judeu, que tocou com o violino de 'Heil Hitler' por toda a sua vida. Os alemães não cometeram apenas atrocidades contra pessoas, mas também contra instrumentos.

Como foi receber o primeiro violino vindo com uma história do Holocausto?
Amnon
- Em primeiro lugar, [...] um violino é um violino. Mas um violino com um enorme passado histórico é completamente diferente. E cada violino tem uma história diferente. O primeiro que me chegou foi muito muito especial pois veio do ateliê do homem que foi o professor do meu pai. Então era um violino judaico, com duas estrelas de Davi, uma inscrição em iídiche e veio do professor de meu pai. O que pode ser melhor que isso? Nada.

Sobre as estrelas de Davi nos violinos: todos tinham a inscrição? Era uma tradição?
Amnon
- Não, não, não, não cometa esse erro. Os tocadores judeus tocavam em qualquer instrumento. Nessa época, estamos falando de 1900, metade de 1800, era muito comum nas casas judaicas ter violinos, para tocar nas nossas festividades. Eles eram mais comuns no leste europeu - no oeste não se encontra esses violinos - e em geral eram muito baratos. A decoração era feita pelos judeus e cristãos faziam cruzes também. Neste caso, todos esses instrumentos, na nossa tradição, eram pregados na parede, pois para os judeus ortodoxos era proibido pregar qualquer pintura ou ter escultura nas casas, então eles tinham violinos.

Quanto tempo o senhor leva para restaurar um violino assim? Como é o processo?
Amnon
- Esses violinos da exposição [nos EUA] levaram um ano e meio. Cada um leva entre três e seis meses. Depende das condições que eles estão. Os violinos que vieram do Holocausto estão em péssimas condições.

O senhor acredita que todo violino fica com a marca de seu dono? Como isso acontece?
Amnon
- Sim, sim. Todo violino é tocado pelo tipo de som que o músico gosta e colocado dentro do violino. E quando você é um violinista profissional você pode ouvir isso, quando você toca nele hoje. E é muito sabido, por exemplo se pegarmos um instrumento pertencente a um grande nome e se tocar corretamente você pode ouvir o jeito que a pessoa tocava nele. É algo muito especial, mas é preciso ser um violinista educado para isso. Mas é possível sentir.

O senhor também faz registros escritos, documenta as histórias desses violinos?
Amnon
- Eu tomo minhas notas e registro qualquer informação que conseguir, a restauração que fiz. E agora, um professor da orquestra daqui vai escrever um livro sobre os violinos, até os que não estão na exposição. [...] Na minha coleção eu tenho 20 outros violinos que não estão contabilizados, pois não estão em condições de serem tocados e vieram da filarmônica de Israel.

Quantos violinos têm informações sobre os donos?
Amnon
- Tem um que temos todas as informações sobre o dono e uma foto dele tocando. Aí outro é o que era do meu pai - não estava no Holocausto, mas salvou sua vida, podemos dizer - há outro violino, vindo da Romênia, cujo dono veio para Israel, e ele tocava para os vizinhos em festividades e toda comida que ele conseguia ele levava para os guetos, então no fim do dia cerca de 18 pessoas sobreviveram com essa comida extra.


Fonte: http://g1.globo.com

Ernesto Nazareth: discografia completa na Internet

Nazareth no piano Sanzin que foi presenteado ao
compositor por admiradores paulistas.
Definido por ninguém menos que Mário de Andrade como “dotado de uma extraordinária originalidade, porque transita com fôlego entre a música popular e erudita, fazendo-lhe a ponte, a união, o enlace”, Ernesto Nazareth (1863-1934) é o primeiro compositor do mundo a ter sua discografia inteiramente disponibilizada na internet. Patrocinada pelo Instituto Moreira Sales, a iniciativa prepara as comemorações dos 150 anos de nascimento do músico que acontecem em 2013.

Coordenado por Alexandre Dias, Paulo Aragão e Bia Paes Leme, o projeto cataloga cerca de 2.500 gravações em todo mundo, desde 1902 até hoje. Dessas, 2.043 estão disponíveis para audição online (não sendo permitido, porém, o download) na seção discografia do site www.ernestonazareth150anos.com.br.

O acervo resgata desde as gravações em 78-RPM feitas, na primeira década de século XX, feitas pela lendária Casa Edison que contam com bandas militares e com alguns dos primeiros regionais de choro, passando por gravações com o próprio Nazareth, até a explosão em 1914 de sua música nos EUA e na França. Estão documentados também o período de transição na década de 1940 com influências americanas, os LPs antológicos da década de 1950 com Jacob do Bandolim, Radamés Gnattali e Carolina Cardoso de Menezes, e sua descoberta por Eudóxia de Barros em 1963 e por Arthur Moreira Lima em 1975, que levou o compositor definitivamente às salas de concerto. Mais recentemente, e já na era do CD, sua produção ganha arranjos para as mais variadas formações, incluindo aí conjuntos sinfônicos, e mostrando o alcance de sua obra, seduz músicos das mais diversas nacionalidades – japoneses, americanos, franceses, noruegueses, uruguaios, islandeses, canadenses, além de brasileiros.

Algumas curiosidades do compositor e "pianeiro" (como ele mesmo se chamava). Seu Batuque, tango característico, escrito em 1901 e publicado doze anos depois com modificações, é dedicado a Henrique Oswald. Ao ouvi-lo no Cinema Odeon, na década de 1910, Oswald chegou a afirmar: “É admirável esse moço. Que música ele faz! Eu mesmo seria incapaz de interpretá-la com aquela mestria, aquele prodígio de ritmo. E aqui, perdido nesta indiferença...”. Em 1908, no então Instituto Nacional de Música (INM), Nazareth tomou parte em um “concerto de violão e piano” organizado por Osório Duque Estrada, autor da letra do hino nacional. Um ano depois, no mesmo lugar, interpretou sua gavota Corbeille de fleurs, Batuque e ainda acompanhou Villa-Lobos, então com 22 anos, na peça Le cygne, de Saint-Saëns, para violoncelo e piano. Em 1922, a convite de Luciano Gallet (1893-1931), se apresentou no Salão Leopoldo Miguez executando Brejeiro, Nenê, Bambino e Turuna. A iniciativa encontrou muita resistência e, devido os protestos de um grupo de expectadores contra a inclusão de nome de Nazareth no programa, foi necessária a intervenção policial para garantir a realização do concerto.


Fonte: http://www.musica.ufrj.br

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Carta de músico do Titanic é vendida por quase US$ 155 mil

Músico era líder da banda formada por oito músicos que tocavam ragtime e outros estilos para acalmar os passageiros enquanto o navio deslizava lentamente pelas ondas do Atlântico norte.


Músicos do Titanic
Wallace Henry Hartley, ao centro, e os outros
integrantes da banda de música do Titanic
LITTLETON, Estados Unidos, 27 Abr - Uma carta escrita pelo líder da banda que tocava no Titanic e enviada a seus pais na Inglaterra cinco dias antes de o navio bater em um iceberg e afundar -- há um século - foi vendida por 154.974 dólares em um leilão online na quinta-feira.

Um grupo de investimento norte-americano (cujo nome não foi divulgado) comprou a carta escrita pelo britânico Wallace Hartley, na época com 33 anos, que liderava a banda formada por oito músicos que tocavam ragtime e outros estilos para acalmar os passageiros enquanto o navio deslizava lentamente pelas ondas do Atlântico norte.

"“Ela dá o microcosmo da tragédia toda", disse da carta o executivo Bobby Livingston, da RR Auction, com sede em New Hampshire, que conduziu a venda.

“"Havia a esperança de que ele visse seus pais de novo", acrescentou, em uma entrevista.

Hartley enviou a carta no dia 11 de abril de 1912 durante a parada do navio em Queenstown, na Irlanda, de acordo com Livingston. O Titanic afundou nas primeiras horas do dia 15 de abril, na viagem de estreia a partir da Inglaterra, deixando 1.517 mortos.

"“Temos uma boa banda e os garotos parecem muito legais", escreveu Harley na carta, prometendo visitar os pais no domingo seguinte à sua volta.

"Este é um ótimo navio e uma porção de dinheiro deve ter sido colocada nele", acrescentava Hartley.


A Banda do Titanic:
Empregados por Messers C.W. e F.N. Black de Liverpool

(Viajavam de 2º classe - Não se Salvaram)

Brailey, Theodore; Pianista
Bricoux, Roger; Violinista
Clarke, J. Fred C.; Violinista
Hartley, Wallace Henry; Chefe da Banda
Hume, John (Jock) Law; 1st Violinista
Krins, George; Violinista
Taylor, Percy, C.
Woodward, J. W.


Fontes: http://br.reuters.com; http://www.titanicsite.kit.net/

quinta-feira, 26 de abril de 2012

TV Cultura tem Emerson String Quartet, Sinfonia nº 1 de Mahler, Ravel e Shostakovich neste final de semana

A TV Cultura preparou para este sábado, dia 28 de abril, uma apresentação do Emerson String Quartet, um dos mais reputados grupos desta formação. O grupo interpreta obras de Mendelssohn, Bartók e Beethoven em concerto realizado na Sala São Paulo. No dia seguinte, será a vez da Sinfonia nº 1, “Titã”, de Mahler, pela Sinfônica de São Francisco, regida por Michael Tilson Thomas. E ainda a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp, sob a regência de Vasily Petrenko, maestro titular da Orquestra Filarmônica de Liverpool, com o Concerto em Sol Maior para piano e orquestra, de Maurice Ravel e “O ano de 1905”, mais conhecida como a Sinfonia nº 11 de Dmitri Shostakovich.


Emerson String Quartet
Emerson String Quartet

O Emerson String Quartet é uma das formações mais sofisticadas da música clássica com alguns dos mais importantes intérpretes da atualidade. Formado em Nova York em 1976, ano do bicentenário da independência dos Estados Unidos, esse excelente quarteto homenageia em seu nome o poeta e filósofo Ralph Waldo Emerson. Nestes mais de 30 anos de carreira, o Emerson String Quartet é um dos principais quartetos de cordas da atualidade.

Orquestra Sinfônica de São Francisco
Orquestra Sinfônica de São Francisco

A Orquestra Sinfônica de São Francisco é uma orquestra sinfônica baseada em São Francisco, Califórnia, Estados Unidos. Seu atual diretor musical é Michael Tilson Thomas, que ocupa a posição desde setembro de 1995.

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, OSESP
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, OSESP

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, conhecida como OSESP, é uma das maiores e mais conhecidas orquestras da América do Sul. Realiza anualmente quase 200 concertos entre apresentações sinfônicas, corais e de câmara em sua sede, a Sala São Paulo, em turnês e em projetos por todo o Estado de São Paulo.


Para maiores informações, acesse: http://tvcultura.cmais.com.br/classicos

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Batuta de Villa-Lobos e um relógio de Dumont não recebem oferta em leilão

Peças não foram compradas no evento que ocorreu nesta terça-feira, 24.

Lance mínimo da batuta era de R$10 mil, e R$100 mil para o relógio. 

 

Detalhe da batuta e da dedicatória enquadradas
para a venda em leilão
A batuta usada por Villa-Lobos e o um relógio de bolso que pertenceu ao aviador Santos Dumont não foram vendidos durante  leilão realizado nesta terça-feira, 24, pela Dutra Leilões, em São Paulo.
O lance inicial do relógio era de R$100 mil e da batuta, R$10 mil. De acordo com o leiloeiro Luiz Fernando

Dutra, a batuta de madeira pertenceu a Maria Guedes Penteado, filha de Olivia Guedes Penteado, incentivadora do Movimento Modernista no Brasil.

Baronesa do café em São Paulo, ela teria contribuído para o sucesso de Villa-Lobos, financiando sua viagem e estudos em Paris, na França.

Em 1925, em retribuição, o músico deu a Maria Guedes Penteado a batuta e uma foto, ambas datadas e com assinatura. Após o falecimento de Maria, a relíquia foi passada para Yolanda Penteado de Camargo Loureiro, sua filha, e depois para Silvia Alessio Loureiro, neta e atual proprietária.

Relógio que pertenceu ao aviador Santos Dumont

Dedicatória de Villa-Lobos no quadro

Detalhe da batuta de Villa-Lobos


Fonte: http://g1.globo.com

terça-feira, 24 de abril de 2012

Campos do Jordão terá menos bolsistas


A edição deste ano do Festival de Inverno de Campos do Jordão terá 115 bolsistas, número 25% menor do que a média dos últimos anos, 154. A nova direção optou também por cortar pela metade, de R$ 48 mil para R$ 24 mil, o prêmio Eleazar de Carvalho, dado a um aluno que se destacou durante o evento; e acabou com o curso de composição e com os prêmios Camargo Guarnieri (oferecido a jovens autores) e Ayrton Pinto (dados aos melhores de cada instrumento).

Em 2009, o festival contou com 156 jovens músicos; em 2010, foram 146; e, em 2011, 161. No ano passado, o prêmio Camargo Guarnieri rendeu R$ 15 mil ao vencedor e quatro bolsas de R$ 8 mil foram dadas aos vencedores do Ayrton Pinto. As informações sobre a edição deste ano, prevista para julho, constam do edital do festival, publicado no fim da semana passada no site do evento, que desde o início do ano passou a ser gerido pela Fundação Osesp e não mais pela Santa Marcelina Cultura, organização social contratada em 2009, durante a gestão do secretário João Sayad.

Ainda não foram divulgados os nomes dos professores e artistas convidados, assim como a Fundação Osesp preferiu não divulgar o orçamento do evento. Em entrevista concedida ao Estado na sexta-feira, o novo secretário estadual de Cultura Marcelo Araujo afirmou, ao ser indagado sobre Campos do Jordão, que “este ano daremos prosseguimento a tudo aquilo que aconteceu nos anos anteriores”. A Fundação Osesp informou “que a programação e demais detalhes serão divulgados na íntegra no próximo dia 30″.

Ainda segundo o edital, a Orquestra Acadêmica, formada por bolsistas e alguns professores, fará três concertos, um por semana, durante o festival. No primeiro, será regida pelo maestro inglês Richard Armstrong; no segundo, pelo mexicano Giancarlo Guerrero; e, no terceiro, pela americana Marin Alsop – além de Alsop, regente titular do grupo desde o início do ano, os outros dois maestros estão programados também na temporada da Osesp. O edital prevê ainda a realização de concertos de música de câmara, dos quais participariam professores e alunos.

Na semana passada, o festival anunciou o nome de Artur Nestrovski como diretor artístico do evento; Marcelo Lopes, diretor executivo da Osesp, assume o mesmo posto em Campos e o maestro e violinista Claudio Cruz, spalla da Osesp, fica responsável pela direção pedagógica e pela preparação e ensaios da Orquestra Acadêmica – Cruz regeu no ano passado o grupo e, desde o início de 2012, é o novo diretor da Sinfônica Jovem do Estado. Marin Alsop, que chegou a dar entrevistas como diretora artística do festival, alegou problemas de agenda e desistiu do cargo, ficando como “consultora artística”, assim como seu regente associado, o maestro Celso Antunes.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/joao-luiz-sampaio/